Saiba tudo sobre cirurgia de reconstrução mamária

Last Updated on 25/06/2015′ by

 cirurgia de reconstrução mamária

Outubro é o mês que simboliza mundialmente a luta contra o câncer de mama. No Brasil, este tipo da doença aparece como a terceira mais frequente e já atinge mais de 50 mil pessoas. Passo importante para a recuperação da mulher, a cirurgia de reconstrução mamária é garantida por lei e parte determinante para a manutenção da autoestima da mulher, apesar de ainda beneficiar somente uma pequena parcela das pacientes submetidas à mastectomia (retirada total ou parcial das mamas).

 

De acordo com o cirurgião plástico Alexandre Mendonça Munhoz, presidente da Comissão Nacional de Reconstrução Mamaria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, este procedimento contou com grandes avanços nos últimos anos. Novas técnicas cirúrgicas e opções de tratamento são oferecidas às pacientes, trazendo resultados cada vez mais satisfatórios.

 

Confira no Diário Além da Beleza conversa com o médico para saber mais detalhes sobre a reconstrução mamária.

 

  1. Quais tipos de cirurgia são feitas para o tratamento do câncer de mama?

Entre as cirurgias mais realizadas, merecem destaque a cirurgia conservadora da mama (quadrantectomia) e a cirurgia  radical com retirada de toda a mama (mastectomia). Tais procedimentos propiciam não só um maior índice de cura, como também maior tempo de sobrevida em pacientes submetidas a cirurgias conservadoras ou radicais.

 

A reconstrução da mama, associada ao tratamento cirúrgico do câncer, tem sido um dos pontos fundamentais no tratamento multidisciplinar do câncer mamário. A cirurgia plástica, como participante no tratamento integral, desempenha papel importante nesse difícil processo, haja vista os inúmeros benefícios físicos e psicológicos trazidos pela reconstrução mamária.

 

  1. O que é a cirurgia de reconstrução mamária?

A reconstrução mamária engloba um conjunto de técnicas ou procedimentos cirúrgicos empregados no processo de reparação parcial ou total da glândula mamária, decorrente de afecções congênitas ou adquiridas, como no caso do câncer. A reconstrução mamária é desenvolvida para reparar a mama após sua retirada (de forma parcial ou total), em decorrência do câncer de mama.

 

  1. Existem diferentes tipos de reconstrução? O que determina qual procedimento será feito?

Entre as técnicas disponíveis, destaca-se a possibilidade de utilização de tecidos provenientes da própria paciente, chamado de autógenos, e materiais aloplásticos – expansores de tecidos e implantes mamários de silicone.

 

Autógenos – O emprego de tecidos autógenos é advogado por estudos clínicos, oferecendo vantagens. Dentre elas, podemos citar a qualidade da reconstrução, apresentando consistência e textura mais próximas da mama e resultados mais satisfatórios no longo prazo.

 

Aloplásticos — Tem como vantagem ser um procedimento mais simples tecnicamente, com menor tempo de recuperação pós-operatória, além da ausência de área doadora e cicatrizes adicionais. Em pacientes em que não há volume de tecidos (pele e gordura), a utilização de tecidos aloplásticos (expansores e implantes) torna-se uma boa opção de reconstrução.

 

  1. A reconstrução pode ser feita logo após a mastectomia? Existe algum tipo de contraindicação?

Em geral, sim. Salvo em situações nas quais a paciente não tem condições clínicas – como em casos de hipertensão arterial, diabetes, etc. Pacientes fumantes e obesas também não são boas candidatas à reconstrução imediata. Nestas pacientes, o ideal é a melhora das condições clínicas associadas e o adequado tratamento. A reconstrução poderá ser realizada em uma segunda cirurgia.

 

  1. Qual é a importância da reconstrução para a mulher?

A reconstrução é importante em várias esferas e engloba aspectos relacionados à autoimagem, qualidade de vida, saúde mental e satisfação corporal. Um estudo publicado pela Universidade de Michigan avaliou o impacto do resultado estético pós-cirurgia conservadora da mama na função psicossocial e na qualidade de vida de pacientes com câncer de mama precoce.

 

Em uma análise retrospectiva de quatro anos, envolvendo mais de 700 pacientes, foram avaliados alguns aspectos relacionados à qualidade de vida global, estigma do câncer, depressão, medo de recorrência e alteração na percepção da saúde. Nesse estudo, os autores observaram que pacientes com grave assimetria pós-operatória apresentaram piores índices de qualidade de vida e maior incidência de depressão do que as pacientes com mamas simétricas ou com assimetria leve.

 

Os autores propõem que, na identificação precoce de assimetrias pós-operatórias, há a necessidade de acompanhamento psicológico e suporte com o intuito de prevenção na redução da qualidade de vida. Dessa forma, a reconstrução parcial ou total torna-se importante e fundamental no tratamento global do câncer de mama e, sobretudo, no difícil processo de reabilitação psicossocial. Entende-se por qualidade de vida a percepção do indivíduo tanto de sua posição na vida, como em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.

 

  1. Qual o resultado da reconstrução? A textura e aparência ficam como antes do câncer?

Sabe-se que, desde que bem indicadas e realizadas de maneira correta do ponto de vista técnico, os resultados são bem satisfatórios e com resultado estético muito próximo à mama contralateral. Fatores limitantes para a eficácia da cirurgia reconstrutora estão diretamente relacionados à extensão da cirurgia oncológica, como tumores maiores e com maior disseminação local, e à presença da radioterapia.

 

Nessas situações, cada caso deve ser avaliado de maneira individual com o objetivo de se adequar à melhor técnica e ao momento da reconstrução, com o intuito de garantir bons resultados estéticos. Ademais, um bom resultado na reconstrução está diretamente relacionado com a boa técnica realizada pelo cirurgião oncológico na retirada da mama. Assim, a adequada integração entre as equipes, quer seja de mastologia ou de cirurgia plástica, torna-se fundamental para chegar a um bom resultado estético.

 

  1. Quais são os cuidados pós-operatórios?

Os cuidados pós-reconstrução são os inerentes a qualquer cirurgia. De maneira geral, a reconstrução não interfere de maneira mais intensa na reabilitação. É fato que procedimentos mais extensos, tais como reconstruções bilaterais ou reconstruções em tumores mais avançados, implicam necessariamente em um tempo de recuperação mais longo e com terapias de reabilitação associadas.

 

Apesar disso, normalmente, entre três e seis semanas a paciente está apta para a realização de suas atividades físicas e sociais habituais. Depois, a vida é totalmente normal, inclusive para rotina de atividades físicas feitas anteriormente à cirurgia. Em procedimentos menores, como reconstruções parciais da glândula mamária, o tempo de recuperação é significativamente mais curto e, em algumas situações, menor quando comparado a cirurgias estéticas da mama, como mamoplastias redutoras ou colocação de implante de silicone.

 

cirurgia de reconstrução mamária

 

 

Por Doutor Alexandre Mendonça Munhoz – CRM-SP 81.555

Professor Livre-Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

Presidente da Comissão Nacional de Reconstrução Mamária da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)

 

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