Last Updated on 28/10/2010′ by Flavia Miranda
Na rede particular, gestantes marcam a operação com meses de antecedência, ainda que sem necessidade.
A maior parte das brasileiras que tiveram filhos recentemente e são atendidas por planos de saúde não chegou a entrar em trabalho de parto. Seja por influência médica, familiar, por desinformação ou simplesmente por medo de sentir dor, essas mulheres agendaram a cesariana com semanas ou até meses de antecedência, mesmo antes de saber se a gravidez evoluiria sem complicações.
A representante comercial Ana Corina Lemos Santos, de 33 anos, é uma dessas brasileiras. Após nove anos de casamento, engravidou do primeiro filho, Eric, que nasceu há cerca de um mês, por cesárea, em uma maternidade particular de São Paulo.
“Nem cogitei com meu médico o parto normal”, conta Ana. “São muitos os procedimentos. Tem a respiração, as contrações… Eu tinha medo de fazer algo errado, de ficar esperando horas, com dor. Além disso, queria consertar a marca de uma cirurgia anterior no abdome.”
Ana pensa em ter outro filho e, mesmo sabendo que os riscos para sua saúde e do bebê são maiores com a cesariana, o parto normal continua fora de seus planos. “É insegurança minha mesmo. Mas vou pensar sobre o assunto”, diz.
“Se a mulher não entra em trabalho de parto, como podemos ter certeza de que o bebê está preparado para nascer?”, questiona Martha Oliveira, gerente de produtos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Uma das maiores causas de internação em UTI neonatal hoje, diz ela, é a taquipnéia transitória, desconforto respiratório causado pela presença de líquido nos pulmões. “Isso é conseqüência direta da alarmante taxa de cesarianas sem indicação, pois a prematuridade favorece esse tipo de problema.”
A ANS financiou a pesquisa Causas e conseqüências das cesarianas desnecessárias, uma série de artigos realizados pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). Um dos estudos acompanhou 450 gestantes em dois hospitais conveniados do Rio e comprovou que 92% delas não entraram em trabalho de parto. “Esse dado reflete a realidade nacional e é um dos mais preocupantes”, afirma Martha.
O diretor do Departamento de Ações Estratégicas do Ministério da Saúde, Adson França, explica que a cesárea, quando feita com 40 semanas de gestação, aumenta em 16 vezes a possibilidade de problemas circulatórios e respiratórios no bebê. Entre 36 e 37 semanas, o aumento é de 120 vezes. Ainda segundo França, a cirurgia feita sem indicação aumenta em 6 vezes a mortalidade materna e eleva o risco de complicações em futuras gestações. “Mesmo que seja a pedido da mulher, não é ético fazer parto cirúrgico sem necessidade”, avalia.
Índice Brasileiro
A Organização Mundial da Saúde recomenda uma taxa de cesarianas não superior a 15%, o que daria conta dos casos de risco para a saúde da mãe ou do bebê. A média brasileira é de 43%. No Sistema Único de Saúde (SUS) esse índice é de 26% e na rede de saúde suplementar é de 80%.
Para a diretora do Grupo de Apoio à Maternidade Ativa (Gama), Ana Cristina Duarte, existe no Brasil a cultura de que o parto normal é perigoso, um sofrimento desnecessário. “Há essa idéia de que os hospitais públicos forçam as mulheres a ter parto normal porque é mais barato e, por isso, inferior. Os médicos da rede particular dizem que as mulheres pedem para fazer cesárea e, como para eles é mais conveniente, ficam quietos.”
Na opinião do obstetra Geraldo Caldeira, que atua em grandes maternidades particulares de São Paulo, como Pro Matre Paulista e Santa Joana, dois fatores são determinantes para explicar essa realidade: a má remuneração dos partos pelos planos de saúde e a forma como as mulheres são educadas. “Hoje se paga cerca de R$ 800 num parto por convênio. Não é vantajoso desmarcar toda a agenda do consultório para acompanhar um parto normal. Se quiserem mudar vão ter de oferecer no mínimo R$ 2 mil”, afirma. “Outra questão é cultural. Enquanto na Europa as mulheres são educadas desde criança para querer o parto normal, aqui já chegam dizendo ‘ai doutor, não quero ter dor, prefiro cesárea’. Isso é algo que leva no mínimo uma geração para mudar.”
A pesquisa da ENSP aponta, no entanto, que 70% das mulheres desejam parto normal no início da gestação, mas “vão sendo convencidas pelos obstetras da maior segurança da cesariana e sendo minadas na confiança de que seu corpo seria capaz de enfrentar o trabalho de parto”.
“O pré-natal tem a missão de convencer a mulher a desistir do parto normal”, afirma Ruth Osava, professora do curso de Obstetrícia da USP Leste e coordenadora do Centro de Parto do Amparo Maternal, uma das maiores maternidades públicas de São Paulo e onde o índice de cesáreas é menor que 20%. “Entre as usuárias do SUS não acontece esse doutrinamento, a maioria chega com perspectiva de um parto normal.”
Reportagem de Karina Toledo para o jornal O Estado de São Paulo, em 17/08/2008
Eu quero meu parto normal, natural, humanizado! E tenho dito.
Eu antes de engravidar já avisei meu marido, só tenho filhos se for cesárea, nem passou pela minha cabeça parto normal. Se tivesse mais, todos seriam cesárea. E eu cheguei na médica falando sobre cesariana, ela falou do normal e tudo, mas não quis nem saber.
De qualquer maneira, se a mulher está disposta e com saúde suficiente para aguentar um parto normal ou natural… a escolha é dela claro, e não do médico.
Mas não sou contra cesariana, pelo contrário, acho que o mundo está evoluído demais para fazer as mulheres continuarem tendo parto normal, sofrendo durante horas, as vezes dias em trabalho de parto, mtas vezes causando problemas ao bebê e a própria mãe. Acho que uma criança deve chegar ao mundo em paz, tranquila… e a mãe não deve ter dor, e sim uma boa lembrança daquele momento.
Uma conhecida teve parto normal em Paris, realmente 1º mundo cesariana só em último caso, mas em compensação essa mulher ficou em sofrimento por 72 horas, dando a luz a um bebê de quase 5 kg e sendo rasgada até o ânus. Eu acho isso uma violência!!
Enfim… espero que vc consiga seu parto natural amiga, mas que esteja em plena consciência dessa escolha para não se arrepender durante o trabalho de parto.
Aquele abraço e na torcida.
Pois é amiga, eu respeito seu ponto de vista mas eu penso ao contrário.Eu já acho que o mundo está evoluído demais para que as mulheres continuem cortando suas barrigas para terem filhos, hoje somos mulheres com acesso a informação e portanto estamos mais preparadas para fugir do óbvio. Parto normal oferece menos riscos para a mãe e ao bebê do que uma cesárea desnescessária. Cesárea é para gravidez de risco só era para ser praticada quando realmente fosse nescessário, mas tornou-se corriqueira. Outro ponto que favorece PC é o despreparo dos obstetras que infelizmente hoje são formados e orientados a fazerem cirurgias poucos estão preparados ou buscam conhecimento para ajudarem a partoriente a terem seus filhos de forma natural, é o caso da sua amiga que mora em París, infelizmente não é só no Brasil que existe alto indíce de cesárea, mas felizmente não é só aqui também que está havendo uma luta para a concientização das mulheres e principalmente para a desmitificação que parto normal oferece risco de morte para mãe e filho. Precisamos abrir a mente e entender que fazer cesárea não é normal. Eu fiz duas cesáreas por pura falta de informação mas hoje sou uma mulher bem mais experiente e conciente. Quanto ao medo da dor, eu também já senti esse medo, mas hoje sei que vou encarar de peito aberto, é escolha minha, quero que meu filho venha ao mundo da forma mais natural possível, sem pressa, não quero simplesmente subtraí-lo do meu útero, quero parir como mamífera que sou! Prefiro pensar que vou sentir uma dor louca (ou não) na hora do parto, mas que depois isso tudo vai passar e não vou ter que ficar sentido dores de um corte na barriga por dias a fio com já senti um dia… Hoje cesárea para mim, só se for no último caso.
Obrigada pela torcida
Vc não conseguirá PC depois de 2 cesareas, esqueça. Lembre disso daqui há alguns meses quando vier aqui postar sua frustração.
Anônimo (a)
Eu sei muito bem que posso não conseguir, mas não será por covardia minha, não será por falta de tentar, posso até não conseguir mas não vou me acovardar, e tentando com toda a minha vontade sei que posso chegar lá e se meu parto não for do jeito que quero não vou ficar frustrada… Na verdade frustada já fiquei, quando me deixei enganar no passado. Vou fazer de tudo até o último minuto e sei que posso ter meu parto natural como muitas outras mulheres que passaram por tudo que já passei, mas se não for, tudo bem, não vou ficar me lamentando a vida toda, mas esteja certa que meu filho vai nascer quando ele quiser e não quando outros decidirem por ele ou por mim. Não tenho medo da dor e vou enfreta-la, não sou fresca a ponto de fugir das vontades do meu corpo. Não vejo vantagem nenhuma em fazer parto com dia e hora marcados, mas há quem ache a oitava maravilha do mundo, e eu respeito quem pensa assim e gostaria de ser respeitada também.
Obrigada pela visita mas dispenso seu lembrete.
Vou dar meu pitaco… rs.. Eu não sou radical nem pra um lado, nem pra outro… mas sou contra cesáreas desnecessárias. Se uma mulher é saudável, a gravidez não tem nenhum problema, pq não tentar o parto normal? O parto normal, como diz o nome, é o natural, é a natureza fazendo sua parte, a recuperação é rápida, quando acaba a mãe sai andando, pode fazer as coisas normalmente, o bebê participa do processo de nascimento e ganha vários benefícios com isso, ao invés de ser simplesmete retirado de dentro do útero de repente… mas a cesárea também é uma grande evolução, ela é necessária em caso de risco, quando não há dilatação ou outros problemas, para poupar a saúde e a vida de mãe e filho.
Ainda não conversei com meu médico sobre o parto, quero aquilo que for o melhor pro bebê, tenho pressão alta e sei que posso correr risco de pré-eclampsia no final da gestação, então, estou preparada pra que ele precise interferir com uma cesárea. Por mim tudo bem, se for realmente necessário!
Acho q o mais importante é que mãe e filho saiam bem, com vida e saúde! O melhor parto é o que for melhor para os dois!!!
E para o desinformado que diz não ser possível conseguir ter normal depois de duas cesáreas: sim é perfeitamente possível! Riscos sempre existem, mas as chances de sucesso são muitas!!!
To torcendo pra que vc consiga Flavi!
Bjsss
Anônimos são as piores espécies de comentaristas, deveriam ser proibidos!
Ah… é só conferir no traffic o horário do comentário, já pega de onde veio o tal anônimo, eu sempre encontro os meus comentaristas implicantes.
=/
Bruna eu também não sou radical e penso exatamente com você, cesárea é para gravidez de risco,como no seu caso, acho mesmo que tem que havar todo cuidado necessário e é claro que se o mais seguro for o PC que ele seja feito, poruqe é para esses casos que ele exite. Agora se a mulher é saudável e é capaz de fazer normal não tem porque agendar hora para ‘parir’. Porém, respeito quem pensa assim e jamais vou intervir ou criticar a escolha dessa ou daquela mulher, quero apenas que respeitem a minha escolha.
Obrigada pelo “pitaco” rss…
Beijosss
Pois é Helenice… Nem pensei no tal traffic…
O comentário anônimo só me surpreendeu, porque percebi que por trás há uma pessoa maldosa e rancorosa e muuuito frustrada. Mas, passando o susto, resolvi deixar pra lá. Afinal, o parto é meu, isso ninguém vai mudar rss…
Beijosss
Ah Flavi… realmente a pessoa é desinformada, pq essa conhecida que teve a bebezinha em Paris, teve 6 anos antes um menino, de cesárea, pq não entrou em trabalho de parto… e a segunda filha, apesar do sofrimento e dela e tal, veio de parto normal, a cesárea não prejudicou em nada.
Pois é… Não sei se vou conseguir ter o meu PN, mas ao menos vou tentar… Acho que isso é o mais importante, até porque sei que na hora, vou saber decidir o que for melhor para mim e para meu bebê.
Vítima da Cesariana Agendada
Se pudesse, aconselharia todas as mulheres a optar pelo parto normal, ou pelo menos a passar pelo trabalho de parto antes de uma eventual cesárea.
Sou uma vítima da cesárea agendada, aquela sem trabalho de parto e sem a menor consideração para com o bebê. Hoje, com 20 anos e depois de alguma leitura em artigos científicos a respeito, concluo que teria sido mais benéfico, e até mais ético, se minha mãe tivesse me abortado.
Nasci antes do tempo, com 38 semanas, por conveniência de um médico insensível e pelo medo que minha mãe sentia da dor. Um paradoxo, pois ela relata que a dor do pós-operatório que sentiu, após a cesariana, foi muito mais cruel que a dor que sentiu em seu primeiro parto, que foi normal.
Além de ter nascido com icterícia (o menor dos problemas) e dificuldades respiratórias, tive problemas de aprendizado no colégio e, principalmente, de socialização. Fui uma criança incompreendida, já que meus próprios pais me condenavam duramente por minhas limitações, e sofri de grave depressão, da qual só consegui me libertar há alguns meses com auxílio de acupuntura.
“Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho e era pequeno e tinha as asas amassadas (…) a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas.
Ela nunca foi capaz de voar.” (A lição da borboleta, autor desconhecido)