Mulher X Mãe X Relacionamento

Last Updated on 07/08/2012′ by

Mulher X Mãe X Relacionamento

Percebemos que no decorrer dos tempos a figura da mulher “prendada, dona de casa”, cedeu lugar, também, à mulher trabalhadora. Com múltiplos papéis assumidos e suas exigências na vida das mulheres, estes interferem de maneira  significativa no seu dia-a-dia, pois acabam priorizando uma ou outra atribuição, o que acarreta no esquecimento do seu  “eu” e do “ ser mulher”.

 Mulher X Mãe X Relacionamento
Nessa trajetória percebemos que esse fato já ocorria com a mulher, uma vez que costumava se dedicar a seus familiares, abrindo mão de sua própria satisfação em prol dos filhos e companheiros, ocasionando o esquecimento do “ser mulher”.
A entrada no mercado de trabalho alterou esse quadro mulher-mãe de tal modo, que conciliar a atividade remunerada com o cotidiano familiar nem sempre é uma tarefa das mais simples. Cada vez mais a mulher está inserida no mundo do trabalho, conquistando espaços, delimitando novos horizontes nesse universo de probabilidades, embora esse caminho possa ser marcado, por barreiras a serem vencidas, na medida em que as mulheres foram ingressando no mercado de trabalho, foram contribuindo e compondo com a população economicamente, ativa e no emprego assalariado.
Cada dia mais intenso e diversificado é o crescimento e não queremos retroceder. Tal fato levou à conseqüências significativas em seu cotidiano. Esse processo social vem adquirindo uma  dimensão estrutural no mundo contemporâneo, proporcionando, por exemplo, o aparecimento de métodos anticoncepcionais mais seguros, passando assim, a ter o poder sobre seu próprio corpo e a possível gravidez,  retirando de seu companheiro/esposo a decisão da “maternidade”.
Este foi, certamente, um dos fatores que mais contribuíram para a redefinição do lugar da mulher na sociedade, com conseqüências decisivas nas relações familiares que, gradativamente, foram sendo modificadas em sua organização, como por exemplo, na  divisão de tarefas domésticas, na educação dos filhos etc.  Vale ressaltar também que com essa mudança a mulher permitiu-se ao prazer de desfrutar de sua sexualidade, o que anteriormente era negado.
A maternidade é desejada e vivenciada por muitas mulheres, fator importante e considerado como ocasião especial em suas vidas. Notamos que existem diversas razões pelas quais uma mulher gera um filho,para satisfazer a expectativa do seu meio social, por realização pessoal e/ou do casal, ou ainda, para tentar melhorar o relacionamento em seu casamento. Entretanto, a maternidade requer responsabilidade, compromisso, amor, grandes doses de paciência, muita energia física e mental, doação, capacidade de dar afeto e demonstrar alegria.
A decisão ou ocorrência da gravidez traz para a mulher questionamentos, conflitos, receios  e tomada de decisões, as quais, nem sempre, são consideradas as mais assertivas em sua reflexões, pois  em alguns momentos vive o receio de usar da sua liberdade de forma errada, em relação ao filho,companheiro e profissão.
Exemplo de uma situação cotidiana da mulher-profissional é a vivida no momento de afastamento  momentâneo de seu filho,  o que é muitas vezes crucial para algumas mulheres, e que pode ser permeado por angústias, culpas e escolhas corretas: deixá-lo em  escola ou com babá? Estar presente na entrada do filho na escola, bem como no acompanhamento das reuniões de pais não são atitudes consideradas importantes, na maioria das vezes, por muitas empresas.
Situações como estas geram na mulher-mãe e na mulher-profissional conflitos, por perceber que para a empresa o importante é a sua garra e sua determinação profissional, desvinculada das questões existentes em seu ambiente familiar. Contudo, o trabalho muitas vezes invade esse espaço por ele ignorado, afetando os vínculos afetivos entre mãe-filho e mulher-companheiro. Portanto, conciliar o papel de mãe, esposa e profissional torna-se difícil não só emocional, mas também, fisicamente.
A mulher-mãe com essas vivências fica ansiosa, sentindo-se duplamente culpada por não dar a devida atenção (que julga ser a mais adequada) à  casa e aos filhos, e em contrapartida, também não consegue dedicar uma parcela maior de tempo para o desenvolvimento profissional, estando em constante conflito.
Com a ocorrência desses fatores a sensação de culpa é um sentimento que está associado ao papel de boa mãe  e das responsabilidades maternas para com o filho socialmente. Esse  sentimento “encontra forte relação na cultura e no processo de educação e socialização do indivíduo”, o que pode levar a mulher-mãe a sentir  medo e a culpa de criar filhos em desajuste com os padrões da sociedade.  Talvez esses conflitos que permeiam as relações da mulher com o trabalho e os deveres com a família, deixem de lado a divisão da
responsabilidade com o companheiro e assim, a pouca colaboração do mesmo frente às decisões que devem ser compartilhadas, ou ainda, a falta de aparatos sociais que garantam a educação escolar no período em que estão no trabalho, são fatores questionados constantemente pela mulher.
Outro aspecto importante a ser destacado é que ser mãe é privilégio também, pois é maravilhoso presenciar o crescimento sadio e harmonioso dos filhos, dar “retoques” em sua personalidade e acompanhá-los pelos caminhos da vida até se tornarem homens e mulheres maduros e responsáveis. Nessa perspectiva, ser mãe envolve a responsabilidade conseqüente da maternidade e o privilégio de dar ao  mundo um ser humano único, singular. Mas é construindo-se como uma pessoa que pensa, ri, chora, acerta, erra, ama e tem sentimentos, que a mulher certamente descobrirá para si uma forma harmônica, coerente e prazerosa de exercer sua função de mãe e esposa, sem esquecer-se da pessoa que é como mulher.
A mulher profissional/mãe/esposa, apesar dos conflitos que passa em seu cotidiano, sente alegrias, frustrações, decepções e preocupações, em decorrência de suas múltiplas funções.
Assim, destacamos que a mulher-esposa, a mulher-profissional e a mulher-mãe são complementos da mulher pessoa, que é pouco evidenciada, despercebida, não sendo considerada nas  reais necessidades pessoais em seu cotidiano.
Contudo, existem mulheres que conseguem conciliar as funções de mãe/esposa/profissional, sem esquecer que esses múltiplos papéis compõem o “ser mulher”, principalmente quando têm companheiros que a valorizem e têm consciência de que a responsabilidade é dos dois, situações conquistadas muitas vezes pelo diálogo e a busca dos mesmos objetivos.
Estou dentro dessas mães que conseguem conciliar as funções de mãe/esposa/profissional. O dialogo com o esposo, o apoio, e as responsabilidades divididas foram importantes na decisão de continuar o trabalho após o nascimento dos gêmeos. Tivemos uma grande mudança e nossa vida, mas o que sempre prevaleceu e prevalece é o sentar e conversar sobre tudo, respeitando as opiniões um do outro. Cada dia tentamos superar, e vale lembrar que muda muito a relação marido/mulher, mas vivemos buscando o melhor sempre para relação e para nossos filhos. A paciência e inteligência faz parte. Tudo que fazemos hoje, é em prol a criação e educação deles.
E você o que pensa sobre o assunto? Compartilhe.
Texto e crédito:  Diga Cléo!!!
Referências Bibliográficas:
Bruschini C. Mulher e Trabalho: a brasileira conquista novos espaços. Mercado
Global, 1992.

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17 Comentários

  1. Eu quis deixar o trabalho antes mesmo de engravidar. Quando eu planejava engravidar parei de trabalhar para me dedicar exclusivamente a minha gravidez, ao meu bebê e por isso tive uma gravidez muito tranquila e longe de stresse. Depois me dediquei durante um ano ao meu filho. Depois voltei a trabalhar de uma maneira mais leve e consegui conciliar filho, marido, casa e trabalho… Não me arrependo! Faria tudo de novo, mas sempre contei com o apoio e ajuda de meu esposo!
    Cada mulher é uma mulher e é importante que ela tenha apoio para fazer da maneira que deseja, afinal, mulher feliz é sinônimo de mãe feliz, esposa feliz e um lar harmonioso e feliz!

    beijos!!! Amei o post!!!

    Lívia.

  2. Ótimo texto Cléo.
    Acredito muito que a nova logística da família funciona muito melhor quando o parceiro do sexo masculino também decide dividir essas responsabilidades com a mulher, assim chegamos a harmania.
    Adora a vida agitada, mas sozinha fica difícil segurar.

  3. Muito bom o assunto abordado Cleo!
    Eu não consegui parar de trabalhar, e como sou autônoma Pedro entrou no meu ritmo. Minha licença maternidade durou apenas 2 meses e meio porque não consegui ficar por conta!
    Hoje Pedro está com 9 meses e me sinto muito bem com todas as decisões que tomei até agora. Tem dias que chego em casa após passar o tempo todo exercendo os 3 papéis, mas o sorriso dele e a felicidade de cada momento me deixam tranquilas e muuuito satisfeita!

  4. Olá meninas queridas… Esse texto veio do céu pra mim… estou essa semana vivenciando um momento importante e doido… Volta ao mercado de trabalho… E preciso de apoio de todas vcs! Meu lado mulher – profissional e pessoa diz que preciso ir, mas meu lado mãe diz pra ficar com minha pequena!! Não daria pra ser mais fácil essa vida não?? Bjo

  5. Disse tudo! quando engravidei a primeira vez queria muito ter uma menina, agora tenho duas, admito que as vezes olho pra elas e chego a ficar com dó, penso ser mulher é muito bom, mas é muitoooo difícil!!!

  6. Muito legal o post,mas estou com a Cris,ja´mandei p/ espaço aquela que rasgou o sutiã…rs.Parei de trabalhar p/ ficar com a minha filha,sei que nem todas podem fazer isso,mas eu não me arrependo,amo ser mãe em tempo integral.
    bjs
    #amigacomenta

  7. Excelente texto Cléo!
    Muito bom para refletir sobre os dias de hoje!
    Depois de 5 anos fora do mercado de trabalho estou tentando voltar aos poucos, a minha maior dificuldade é lidar com a CULPA que muitas vezes me bate…mas vamos levando, vida de mãe-mulher-trabalhadora é assim, tem seus desafios, suas incertezas mas precisamos seguir em frente!
    Bjs e obrigada!
    Mari

  8. Sem dúvida, esse acúmulo multifuncional, que tanto brigamos para alcançar, gera todas essas dúvidas e receios. Está bem mais difícil lidar com essas questões hoje do que há 50 anos, quando absurdo era a mulher que trabalhava fora de casa e deixava os filhos aos cuidados de outrem. Acontece que hoje estamos vivenciando o oposto. A mulher que quer se dedicar à família em primeiro lugar, sofre a marginalização de muitas pessoas, que têm a coragem de perguntar se “é só isso” que queremos da vida?! Eu optei por me dedicar ao meu filho até que ele complatasse os 18 meses e penso que foi pouco! Mas, foi o que consegui fazer por ele e por mim! Agora, tenho que me desdobrar para dar conta dele, do marido, da casa, da empresa, da familia, dos amigos, e claro, que de mim mesma!! Infelizmente, quando se ganha uma causa (a mulher no mercado inserida no mercado de trabalho, por exemplo) vêm as consequencias boas e ruins, infelizmente. Temos mulheres mais realizadas e se sentindo mais úteis e menos frustradas. Porém, temos filhos carentes, pais permissivos demais, numa tentativa de compensar a ausência e relacionamentos menos duradouros e mais descartáveis. A solução? Tentar equilibrar e ponderar sempre e de acordo com a realidade de cada uma. Não há certo nem errado…

  9. Acho q o mais importante da evolução da mulher é o fato de podermos escolher se queremos ser esta supermulher faz tudo ou aquela que cuida só da casa, só dos filhos…
    Ter o direito a escolha é a mais importante das conquistas femininas, na minha opinião!

    Bjos!

    Loreta #amigacomenta;)
    @bagagemdemae

  10. Muito bom seu texto amiga. Assunto interessante.
    Eu sou das antigas e vivo meio assim também rss…
    Mesmo tendo meu trabalho (home office), sou aquela mulher que cuida da casa, dos filhos e do marido.
    que segura a barra nos momentos difíceis, apóia nas decisões, ajudas a tomar decisões… Sou aquela mulher que empurra para frente (não para baixo hehehe), que ajuda escolher o caminho e que aconselha… Sou aquela que dá o ombro para chorar e chora também… Sou aquela mulher que ouve do marido: “Você é meu alicerce” …
    Foi assim que deu certo aqui. Concordo muito quando a Loreta (comments acima) diz que a mais importante das conquistas femininas é o direito da escolha. E é mesmo.

    Beijosss

  11. Oi Cleo! Eu penso que é tarefa árdua e prazerosa ao mesmo tempo. Todavia, no meu caso, preferi abdicar-me do trabalho fora de casa. Pelo menos por enquanto com a minha filha ainda com 3 aninhos somente. Obrigada pela visita. Beijos!

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