Profissões do Futuro
Last Updated on 29/12/2018′ by Flavia Miranda
Profissões do Futuro
Já parou pra pensar que a profissão que seus filhos terão no futuro pode ainda nem existir no presente?
Profissões do Futuro – O mundo mudou e apesar de profissões tradicionais como médico, professor, advogado, entre outras continuarem existindo, novas oportunidades surgem à medida em que a tecnologia avança.
Anos atrás existiam desenhistas que com papel e lápis deram vida aos primeiros personagens animados, hoje já existem artistas 3D que modelam e animam personagens em avançados programas de computador criando personagens, cenários e movimentos que jamais seriam possíveis alguns anos atrás.
Entrevistamos o diretor de animação Rodrigo dos Santos Silva, brasileiro pioneiro na área, que já foi premiado por diversas animações e nos conta como escolheu essa carreira.
Profissões do Futuro
Rodrigo, o que o levou a se tornar um artista digital e buscar essa área profissionalmente?
Sempre gostei muito de usar computadores, desde que eu era bem pequeno, e também gostava de desenhar. Mas eu não sabia que existia uma forma de combinar essas duas vocações, até que um dia eu assisti ao filme “Jurassic Park” de Steven Spielberg. Esse filme mudou a minha vida, fiquei muito impressionado, o que me levou a pesquisar como o filme havia sido feito. E foi assim que eu aprendi sobre Computação Gráfica e descobri que seria a forma perfeita de juntar minhas duas paixões, arte e computação.
Quais foram suas principais influências quando
criança?
Quando criança eu adorava os curta-metragens da Disney, lembra aqueles onde o Pateta praticava vários esportes diferentes? Eu tive a oportunidade de viver na era em que a Pixar estava se formando, e foi muito interessante acompanhar a evolução dos curtas, tanto as histórias quanto a tecnologia. Eu gostava muito de frequentar festivais como o AnimaMundi onde eu podia ver curtas de vários artistas independentes do mundo inteiro.
O que você acha mais importante priorizar hoje em dia com tanta tecnologia na infância?
Eu sei que muitos pais tem uma certa resistência em introduzir tecnologia no dia a dia das crianças, mas o fato é que a tecnologia não vai desaparecer e estará a cada dia mais presente na vida de todos nós. Os pais de hoje nasceram em uma época que não existia nem a internet, onde computador não era algo popular. É fácil de entender por que existe uma certa resistência para adotar esses novos valores. O mais apropriado é ensinar as crianças o quanto antes a lidar com a tecnologia, impondo limites e supervisionando as ações. Desta forma os pais não estarão apenas preparando os filhos para um futuro repleto de tecnologia, mas ensinando como exercer um controle sobre como utilizar tecnologia de forma saudável. Quanto aos conteúdos, existem vários aplicativos e desenhos educativos que podem contribuir com o desenvolvimento das crianças, são as melhores escolhas.
Suas premiadas animações são feitas para crianças, como é desenvolver conteúdo para esse público?
Para mim o universo infantil é muito mais interessante que o universo adulto, a inocência das interações e a liberdade criativa que este universo proporciona são muito importantes para mim. E não pense que atender a este público é algo fácil, muito pelo contrário, o público infantil é extremamente exigente e sem filtros quanto expondo suas opiniões, o que torna o trabalho muito mais recompensador quando você consegue agradar um público tão sincero.
Rose Dollz já ganhou diversos prêmios em importantes festivais brasileiros e internacionais, além da técnica o que mais foi o diferencial?
Com Rose Dollz meu objetivo era contar histórias onde a figura feminina fosse dominante. Quando o universo Rose Dollz estava sendo criado não existiam muitas histórias que contavam com esta narrativa e este foi um dos principais diferenciais. Rose consegue ser durona sem deixar de ser feminina e doce, algo que hoje foi transportado para o mainstream, mas que não existia alguns anos atrás quando a personagem foi criada. Os prêmios foram muito importantes para a validação do trabalho e englobam tanto a popularidade das animações quanto os desafios técnicos da produção. Nesse quesito o visual da série foi um dos fatores de destaque, para os filmes eu usei uma técnica chamada Cell-Shading onde as imagens apesar de serem geradas em 3D tem um visual final que se aproxima de um desenho tradicional. O resultado foi o reconhecimento da qualidade artística e técnica do filme em diversos festivais pelo mundo.
Quais são seus próximos planos?
No momento eu tenho me dedicado a um novo projeto chamado “NaniNami”. O nome é uma mistura dos idiomas Havaiano e Japonês que pode ser livremente traduzido como “Onda Bonitinha” e é baseado na cultura japonesa Kawaii. Para quem não sabe o maior ícone mundial Kawaii é a Hello Kitty. Traços bonitinhos e valores que remetem a carinho, amizade e felicidade são as fundações do conceito Kawaii. O contraste deste projeto que é voltado para crianças entre 4 e 7 anos em relação a Rose Dollz que tem um público mais maduro tem proporcionado uma experiência criativa muito interessante. No momento tenho 9 personagens criados por mim neste universo NaniNami, porém muitos outros estarão por vir.
Profissões do Futuro
Você pode nos contar um pouco mais sobre cada um destes personagens?
Frida é uma sapinha muito esperta com uma personalidade brilhante, além de ser super atlética. Ela está sempre de bom humor contagiando todos a sua volta.
Bella é uma gatinha super lindinha com um personalidade doce. Mas por trás dessa meiguice toda existe uma personalidade forte e quando ela decide fazer algo de certa forma, é dificil de ser mudada.
Guino é um porquinho-da-índia hiperativo que não consegue ficar um segundo parado, nem mesmo Frida consegue acompanhar o pique dessa bolinha de pêlos.
Peggy é uma porquinha que adora aproveitar as coisas boas da vida. O que são elas? Sono de beleza e chocolate! Claro que ela gosta de outros docinhos, mas chocolate é seu favorito.
Becky é uma coelinha super inteligente, ela sabe um pouco de tudo e adora compartilhar seu conhecimento com seus amigos.
Peter Panda é o amigão de todo mundo. Seu jeitinho conquista qualquer um, usando sempre o coração como guia de suas atitudes.
E finalmente Sam, um bicho preguiça muito prestativo. Sempre se oferecendo para ajudar seus amigos em qualquer situação. O único detalhe é que ele não é muito rápido e às vezes isso pode ser um probleminha.
Qual conselho você pode dar para crianças que querem trabalhar com animação no futuro?
O meu maior objetivo com esses personagens é transmitir valores de amizade e compreensão, onde as crianças possam ver que as diferenças entre eles podem sempre resultar em algo positivo. E em um segundo nível esses personagens vão transmitir conceitos básicos de ciência, matemática e até idiomas. O foco principal é entretenimento, porém a ideia é que a cada episódio ou interação a criança aprenda algo novo que possa contar para os pais e amigos.
Animação pode se tornar uma carreira super recompensadora. Pais que se preocupam com filhos assistindo desenhos podem ficar menos desesperados, pois pode ter um futuro brilhante aí (rs). Minha recomendação é de nunca limitar a imaginação de suas crianças e valorizar suas diferenças. As pessoas não devem pensar sempre da mesma forma e isso é completamente natural. Ler muito e ter contato com o maior número de experiências culturais seja visitando exposições, assistindo documentários ou interagindo com pessoas de outras culturas ou pontos de vista diferentes ajudam muito em criar uma bagagem que poderá ser utilizada para impulsionar a capacidade criativa da criança. E sempre praticar, desenhar o máximo que puder e criar suas próprias historinhas, não apenas consumir conteúdo pronto.
Isso pode até ser uma atividade em família, criar uma história juntos e ilustrar como um livro, pode ser o tipo de incentivo que transformará seu filho em um artista prêmiado no futuro!
Rodrigo Dos Santos Silva