Intervenções no parto normal hospitalar
Last Updated on 28/02/2011′ by Flavia Miranda
Há pouco tempo atrás, lugar de nascer era em casa. Com a tecnologia avançando e a quantidade de hospitais aumentando, o parto foi transferido para os hospitais e o processo natural, cada vez mais passou a receber intervenções para “agilizar e facilitar” o trabalho dos médicos, mas a qualidade de atendimento ao parto só piorou.
Todo processo fisiológico (comer, fazer sexo, urinar, defecar, parir) está, em nós, pronto para ser realizado de forma natural, e quando tentamos “modificá-lo” por algum motivo, isso consequentemente, vai se tornar incomodo, porque não faz parte da nossa natureza.
Vejam esse video, que é muito engraçado e faz todo sentido:
Além da posição de parir, aqui eles falam dos “detalhes”. Que tudo precisa ser do jeito que eles (os médicos) acham melhor.
E ai, vcs acham que deve ser assim?
Eu tenho certeza que não!!!
Por isso vivo a dizer para as mulheres: Se informem! Exijam respeito no seu momento! Busquem profissionais que as respeitem e respeitem suas vontades, porque tudo é questionável e na maioria das vezes totalmente desnecessário. Vamos aprender mais sobre o parto normal hospitalar e as intervenções?
Tricotomia: Raspagem dos pelos pubianos. Aqui no Japão eu não ouvi dizer que seja necessário, mas no Brasil eles querem fazer como rotina.
Agora imagine: você com pontos lá embaixo (por episio ou laceração) pêlos crescendo, coçando e uns “pontinhos” doloridos junto? ui ui ui… Totalmente desnecessário. Uma aparada no comprimento é mais do que suficiente ok? Nenhum médico pode te obrigar a fazer, mas é muito bom colocar isso no seu plano de parto e conversar com seu médico antes também.
Lavagem intestinal (Enema ou feet enema): A lavagem intestinal é desconfortável e desnecessária se você teve funcionamento normal do intestino nas últimas 24h. No entanto, se você estiver constipada, você poderá desejar uma “aplicação”, mas não é imprescindivel. No geral, no intestino faz o trabalho sozinho, preparando-se para o parto, e independente de lavagem ou não, a mulher pode defeccar na hora do expulsivo. Isso é totalmente normal, afinal é da nossa fisiologia, não?
Ocitocina (ou sorinho que falam no Brasil): Hormonio sintético que faz as contrações durarem mais tempo e serem muito mais doloridas, fazendo com que a mulher entre no ciclo: Dor absurda> causa medo+tensão> a mulher “trava”> não dilata> tem cesarea por falta de dilatação. Blah!
Real necessidade: Depois de mais de quatro horas sem evoluir no TP é possivel utilizar um pouco de ocitocina (que não precisa ser necessariamente injetada na veia, pode ser inalada tambem) se a mulher estiver cansada e sem contrações eficientes. Mas tudo deve ser discutido com ela, e apresentado os prós e contras.
Comprimidos para indução: Já li irelatos de pessoas que utilizaram e disseram foi pior do que a indução com ocitocina. Desnecessário tanto quanto a ocitocina.
Episiotomia: é o corte feito entre a vagina e o ânus para facilitar…o trabalho dos médicos!!! Sim é isso mesmo!!! Porque no geral, quando se espera com calma o bebê nascer no seu tempo e com a vontade natural da mãe empurrá-lo com os “puxos” dificilmente ocorrem lacerações.
Real necessidade: Pode ser necessário se a mãe estiver horas no expulsivo sem conseguir parir, estiver muito cansada, ou se fez analgesia e não consegue fazer a força adequadamente para expulsar o bebê, mas torno a dizer que é algo que deve ser discutido e analisado sobre prós e contras com seu médico.
Se quiserem ler mais sobre episio, cliquem na tag Episiotomia.
Cardiotoco (cinta amarrada na barriga para ver os batimentos do bebê): É usada para verificar os batimentos do bebê durante o TP. Não precisa ser constante, mas muitos médicos utilizam-na durante todo o TP e o pior, com a mãe na posição deitada, impedindo-a de se movimentar para o parto, causando desconforto e levando-a para o ciclo: Dor aguda> causa medo+tensão> a mulher “trava”> não dilata> tem cesarea por falta de dilatação ou um parto “sofrido” =((
Real necessidade: o monitoramento pode ser feito por aquele aparelho de escuta do coração do bebê, sem precisar prender a mãe em uma cama. Ou ainda, pode ser feito de forma intermitente, mas nunca de forma constante porque é totalmente desnecessário.
Exame de toque:: os médicos utilizam para ver a dilatação do colo do utero.
No Brasil eu fiz depois das 40 semanas, mas aqui no Japão eles fazem a partir da 37ª semana. Absurdo! Estupro na minha opinião!
Nosso corpo apresenta “sinais” de dilatação com a “perda” do tampão, cólicas ou contrações. Portanto, exame de toque, antes do TP é desnecessário. Se não quiserem fazer, neguem mesmo! Pouquissimas mulheres tem dilatação antes do TP, a dilatação só acontece mesmo depois que a mulher entra em trabalho de parto, então, para que fazer antes?
Durante o TP, os sinais de intensidade de contrações e duração indicam a dilatação, não é preciso fazer “toque”. Se você quiser saber como está a dilatação, pode pedir ao seu médico. Há profissionais que conseguem fazer o exame de forma quase indolor. Por isso, busquem bons profissionais!
Forceps: É utilizado quando a mãe após horas de expulsivo, não consegue por o bebê para fora e este fica no canal do parto sem conseguir sair. Mas são casos raros de real necessidade. Portanto, é preciso ter bons profissionais em que se possa confiar de que um forceps foi mesmo necessário e não “despreparo” e “medo” do médico apressado.
Manobra de Kristeller: É aquela manobra em que um enfermeiro ou anestesista (geralmente é o maior da equipe) sobe em cima da mãe e empurra o bebê por cima da barriga dela. Já está proibido em alguns paises. Outro absurdo!
Usado por falta de preparo e paciência dos profissionais que atendem partos no Brasil e no Japão também.
Essa manobra pode causar até morte materna ou fetal. Não aceitem peloamordedeus!
Anestesia ou Analgesia: É a aplicação de um medicamento que faz com que a mulher não sinta a dor das contrações e consiga relaxar.
Existem pontos positivos e negativos. Vejamos:
– a mulher que está a muitos dias sem dormir, sem comer, pode conseguir descansar por algumas horas para depois continuar o processo do TP mais tranquilamente;
– cada uma tem um limite para a dor, e se a mulher, depois de passar por todo tipo de ajuda não farmacologica, achar que precisa mesmo, deve combinar com o médico como deve ser feita. Para que o TP não deixe de evoluir as vezes uma pequena dose de medicamento já ajuda bastante;
– efeitos colaterais podem afetar a mãe e o bebê;
– o TP pode estacionar, pode ser preciso ocitocina sintética, episiotomia, forceps e até ser necessário uma cesarea.
Rompimento artificial da bolsa: O líquido amniótico contido na bolsa tem um efeito de proteção, equalizando a pressão sobre o bebê, o que resulta em menos pressão na cabeça. O rompimento artificial da membrana aumenta as chances de infecção e cria um limite de tempo para o parto. Só deve ser feito com o consentimento da mãe e depois de esclarecido prós e contras.
Bem, tentei resumir ao máximo esse post, mas ficou enoooorme…huahuahuauhahuahua
Tudo isso para que as mulheres entendam que todas essas intervenções são discutivéis e que é preciso ter um bom profissional te acompanhando para não cair na conversa dos médicos, ok?
É Flavinha…muita coisa ainda precisa mudar nesse mundão!!! Graças a Deus eu tive a benção de ter um parto decente sem nenhum sofrimento para mim ou meu pequeno…
Beijos pra vocês!!