Mãe Dá à Luz no Chão de Maternidade em Duque de Caxias
Last Updated on 28/03/2024′ by Flavia Miranda
Mãe Dá à Luz no Chão de Maternidade em Duque de Caxias. Isso é violência obstetrica!
Foi uma madrugada marcada pela angústia e desespero para Queli Santos Adorno, 35 anos, na Maternidade Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, no último domingo (24). Conforme relatos do irmão da parturiente, Leandro Adorno, Queli entrou em trabalho de parto enquanto suplicava à equipe médica que seu bebê estava prestes a nascer. O momento traumático do parto foi cruelmente registrado em vídeo por familiares.
“Minha irmã repetia incansavelmente: ‘Eu avisei. Eu avisei’. Mas a médica simplesmente ignorou suas palavras, até mesmo adotando um tom de deboche. Logo após se afastar dela, após mencionar essas ‘contrações de treinamento’, Queli começou a dar à luz”, desabafou Leandro. Ele lembra que a primeira médica que atendeu Queli na sexta-feira (22) à noite compreendeu a gravidade da situação e recomendou sua permanência na unidade. “Essa médica entendeu a situação dela, disse para ela ficar, considerando que, por já ter três filhos, poderia progredir rapidamente para o parto”, recordou.
Mãe Dá à Luz no Chão de Maternidade
No entanto, durante a madrugada de sábado, uma nova médica assumiu o plantão e avaliou a situação de forma completamente divergente, sugerindo que Queli ainda não precisava ser internada. A irmã de Queli, Carine Adorno, indignada, relatou que a médica tratou o caso com desdém. “Ela insistia que minha irmã só estava tendo ‘contrações de treinamento’ e que não precisava estar ali. Como se minha irmã não conhecesse seu próprio corpo, como se não fosse mãe de quatro filhos. É revoltante”, desabafou Carine, que acompanhou Queli nos últimos dias.
Agora, a família se prepara para buscar justiça contra a maternidade, alegando negligência médica. “O que fizeram com ela deixará marcas para o resto de sua vida. É um trauma que nunca será esquecido. Não apenas para ela, mas para toda a família. Exigimos justiça. Queremos que resolvam isso e que paguem pelo que fizeram”, enfatizou Carine. Ela revelou ainda que, mesmo após o ocorrido, Queli não recebeu acompanhamento psicológico adequado até quatro dias depois, apenas quando a mídia começou a cobrir o caso. “Ficaram prometendo enviar ajuda, mas só agiram quando a imprensa se envolveu”, criticou.
Em resposta, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que irá investigar, em conjunto com a direção da Maternidade de Santa Cruz da Serra, eventuais falhas no atendimento a Queli. Caso sejam confirmadas, os profissionais responsáveis serão responsabilizados. Segundo o comunicado, a direção da maternidade afirma ter recebido a paciente em boas condições no sábado e que ela recebeu a assistência necessária, apesar do parto rápido que ocorreu ainda no setor de admissão. Queli permanece internada para ajustes na medicação, enquanto seu recém-nascido está sob observação na maternidade.
Este incidente não pode ser encarado como um caso isolado. Infelizmente, é apenas mais um exemplo de um sistema de saúde que falha em proteger e respeitar as mulheres em um momento tão delicado de suas vidas. O que aconteceu com Queli Santos Adorno é uma forma gritante de violência obstétrica, uma violação dos direitos humanos básicos e uma falha em garantir o cuidado digno e adequado durante o parto. É indignante pensar que tantas outras mães brasileiras podem ter passado por situações semelhantes, sem receberem a atenção e o respeito que merecem. Não podemos mais tolerar essa realidade. É hora de exigir mudanças reais e urgentes em nosso sistema de saúde, para garantir que todas as mulheres sejam tratadas com o respeito, dignidade e cuidado que merecem durante o parto.